– Realmente é incompreensível que os verdadeiros pacientes de uma doença como a diabetes, estejam sem um medicamento (¹) essencial para o seu tratamento porque existem uns (e umas) grunhos labregos que os tomam para estética corporal (dizem que faz emagrecer). Parece interessar mais à governança a resolução dos casos e casinhos políticos; ao primeiro ministro sacudir a água do capote e ao presidente da República andar a passear pela estranja, sacar uns banhos, umas selfies, uns beijinhos caridosos, à pala dos contribuintes.
🇵🇹 OPINIÃO
Este é um genuíno pedido de ajuda. Um rogo a um tempo individual e colectivo. Um grito desesperado para que as autoridades resolvam um problema que afecta dezenas de milhar de portugueses.
Sou, como centenas de milhares de portugueses, diabético. Esta doença metabólica, reduz a produção de insulina e mata se não tratada.
Em Outubro do ano passado o médico, um dos maiores especialistas nesta área, receitou-me um novo tratamento. Trata-se de umas injecções que permitem, em conjunto com uma dieta saudável e exercício físico adequado, estabilizar a diabetes tipo 2. Muitas pessoas precisam dele.
Acontece que está esgotado há longos meses. Nunca o consegui comprar. Não existe nas farmácias, mas parece que não falta a outros utilizadores, que o empregam simplesmente para fins estéticos, para emagrecer. Uma gravíssima disfunção do mercado.
Para colmatar esta, e outras, disfunções do mercado, o Governo tem o Poder de intervir. No entanto não o faz. Porquê? Incompetência? Medo de poderes instalado? Inépcia? Falta de tempo?
O Ministro da Saúde mantêm-se estranhamente alheado e, face a este grave problema de saúde pública assobia para o lado, sem conseguir uma solução para o problema que se vai arrastando. Enquanto isso há pessoas a sofrer, outras a ver a sua saúde deteriorar-se e outras ainda a morrer precocemente.
Dou uma sugestão muito simples. Compra directa, deste medicamento para a diabetes, pelo Estado e sua entrega aos pacientes que dele necessitam através dos médicos especialistas que os acompanham e, em simultâneo, proibição de outras vendas no mercado nacional através de outros canais.
Evita-se o desvio deste fármaco para fins secundários e garante-se o tratamento dos diabéticos. Esta é uma solução drástica, mas rápida, que depois pode ser amenizada se os comportamentos mudarem e as condições o propiciarem.
Rogo, pois, a Ministro da Saúde que intervenha rápida e decisivamente como a situação aconselha, ao Primeiro-ministro que acompanhe e supervisione esta intervenção e ao Presidente da República para que seja exigente com o Governo nesta matéria concreta e não com platitudes irrelevantes.
Fica o meu grito de socorro em face de um Governo que parece paralisado pelos “casos e casinhos” que a oposição lhe estende como passadeira dourada para a inactividade e passividade.
Como antídoto a estes “casos e casinhos” recomendo uma solução simples: resolvam os problemas concretos dos portugueses. A começar com um não muito complicado como é esta falta de um medicamento essencial. Mas se nem este conseguem resolver, então é tempo de mudanças.
Diário de Notícias
Jorge Fonseca de Almeida
02 Janeiro 2023 — 14:39
(¹) – Trulicity
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