🇵🇹 MOVIMENTO // VIDA JUSTA
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Lutando por um “programa de crise que defenda quem trabalha”, activistas organizam-se numa nova plataforma. Manifestação convocada para 25 de Fevereiro, em Lisboa.

Dino D’Santiago é um dos subscritores do manifesto fundador do “Vida Justa”
© Filipe Amorim / Global Imagens
Estarão de volta as “grandoladas”, que tanto incomodaram Passos Coelho e os seus governantes entre 2011 e 2015, perturbando agora as iniciativas públicas dos membros do actual Executivo, começando pelo próprio António Costa?
É o que falta saber. A verdade é que ontem foi divulgado o manifesto fundador de um novo movimento de protestos de rua. E entre os seus dinamizadores estão activistas que na governação Passos-Portas criaram e dinamizaram o movimento “Que se lixe a troika” (QSLT), responsável, através das tais “grandoladas”, por inúmeras situações embaraçosas para os governantes de então e ainda, em Setembro de 2012, por uma das maiores manifestações que o país alguma vez viu (um milhão de pessoas nas ruas).
“Vida justa” é o nome da plataforma e o manifesto fundador foi divulgado ontem, acompanhado de uma lista de subscritores onde se encontram nomes como os do músico Dino D”Santiago, da jornalista Alexandra Lucas Coelho, da escritora Joana Bértholo e do historiador Manuel Loff, bem como de de dezenas de militantes do activismo político, social e cultural em bairros como a Cova da Moura, Rego, Arrentela, Marvila ou ainda no Barreiro e em Almada.
Os porta-vozes serão o rapper Flávio “LBC” Almada, da Cova da Moura, e Joana Mouta , da associação Passa Sabi (bairro do Rego). A primeira iniciativa será uma manifestação em Lisboa, marcada para dia 25 de Fevereiro.
“Há uma guerra contra as populações mais pobres que tem de parar.”
Segundo fonte da organização, o “Vida Justa” consistirá, em parte, numa “reinterpretação” do “Que se lixe a troika”” mas agora à luz de um novo problema, o da inflação e das suas consequências na degradação das condições de vida dos sectores mais desfavorecidos da população.
A sua base militante essencial, pelo menos para já, está directamente ligada ao activismo social nos bairros mais pobres, designadamente em Lisboa e na Margem Sul.
Pretende-se – e ao contrário do que aconteceu com o QSLT – instalar “uma rede de intervenção permanente”, ou seja, que perdure para lá dos motivos originais da formação do movimento.
“Para inverter esta situação as pessoas têm de ter o poder de exigir um caminho mais justo que distribua igualmente os custos desta crise [porque] não pode ser sempre o povo a pagar tudo, enquanto os mais ricos conseguem ainda ficar mais ricos.”
Se no “Que Se Lixe a Troika” o combate se centrava nas medidas de corte dos rendimentos (e de aumento dos impostos) que estavam então a ser desencadeadas, agora o o problema central é a inflação.
De acordo com o manifesto fundador, “há uma guerra contra as populações mais pobres que tem de parar” e “para inverter esta situação as pessoas têm de ter o poder de exigir um caminho mais justo que distribua igualmente os custos desta crise” porque “não pode ser sempre o povo a pagar tudo, enquanto os mais ricos conseguem ainda ficar mais ricos”.
Ou seja, exige-se um “programa de crise que defenda quem trabalha”: “Os preços da energia e dos produtos alimentares essenciais devem ser tabelados; os juros dos empréstimos das casas congelados, impedir as rendas especulativas das casas, os despejos proibidos; deve haver um aumento geral dos salários acima da inflação; medidas para apoiar os comércios, pequenas empresas e os postos de trabalho locais e valorizar económica e socialmente os trabalhos mais invisíveis como o de quem trabalha na limpeza”.
E o que se promete, a partir de “gente preocupada dos bairros e militantes de várias causas e movimentos sociais”, é “construir uma rede e multiplicar acções que dêem mais poder às pessoas e que consigam impor políticas que defendam as populações e quem trabalha”.
Diário de Notícias
João Pedro Henriques
13 Janeiro 2023 — 00:09
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